Marli Pó

Marli Pó

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Simplesmente Clô

 Matéria da Revista Vogue. Apreciem!

https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2020/11/eduardo-martini-estreia-simplesmente-clo-em-sp.html

Eduardo Martini estreia 'Simplesmente Clô' em SP



De volta aos palcos, o ator que tem em sua veia artística o humor, quer abordar sobre a solidão e outras percepções da história do estilista, apresentador e político Clodovil Hernandes que nem todo mundo conhece


  • BRUNO COSTA (@BROGUEIRINHO)
21 NOV 2020 - 08H38 ATUALIZADO EM 21 NOV 2020 - 08H38
(Foto: Claúdia Martini)

      (Foto: Claúdia Martini)


Falar de Eduardo Martini (@eduardomartini) é falar de humor. Estreando no teatro, com toda a segurança possível para que todos se sintam confortáveis e seguros neste momento, Simplesmente Clô, no União Cultural, a partir deste sábado, 21, trará Martini passeando pelo o que ela já faz muito bem e tendo a oportunidade de explorar caminhos no palco que até então, ele mesmo não tinha descoberto. E com uma missão de contar a história de uma pessoa eternizada no imaginário popular como Clodovil Hernandes. "Eu não sei se as pessoas sabem quem foi o Clodovil. Mas acho que ele está lá em cima falando: 'Vai, bora, vai que eu te ajudo'. É muito legal quando você desperta o conhecimento e o Clô beira isso, das pessoas terem vontade de saber quem era essa pessoa, o que ele fez, as roupas que ele fez, porque foi tão importante na moda, onde ele chegou. Ele era um cara polivalente, que fazia tudo. E sofreu muito. Isso é bem pontual", conta o ator.

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Assinando a direção junto com Viviane Alfano e texto de Bruno Cavalcanti, Eduardo Martini contribuiu nas adaptações do texto e roteiro e aponta que a solidão é a chave que irá narrar as vivências do paulista da cidade de Elisiário. "Queria falar da solidão desse homem, que é uma pessoa extremamente famosa, polêmica, confusa e muito solitária. [É] Um inventário da vida dele que não tem ordem cronológica", pontua. Em conversa via Zoom com a Vogue, Eduardo se mostra ansioso e alegre por mais este trabalho, compartilha os detalhes sobre a peça e de como sua carreira no humor o permitiu construir a identidade que tanto reconhecemos em suas performances. Olha só.

Como esse texto chegou até você?
Quando o Clô morreu, ele morreu há quase 12 anos, quis fazer algo logo quando ele faleceu  e o Luis Carlos Góes, que é um grande autor disse: 'Vamos escrever", mas ele faleceu também. Esse projeto ficou adormecido. Por acaso, comentei isso com Bruno Cavalcanti antes da pandemia e ele falou: "Vou escrever". Em 4, 5 dias ele veio com o texto e eu fiquei apaixonado. Claro que fomos adaptando e eu falei: "Vou fazer".

Comecei a trabalhar o Clô, acredito que quando a coisa é para acontecer, ela acontece sem percalço nenhum, sem complicação nenhuma. Eu já estava no processo de construção dessa história, de viabilização do projeto e tudo começou a se abrir. Estava fazendo a gestão para o Teatro União Cultural, onde estou e tudo deu certo para fazer.

O que veremos deste texto?
Bruno é um dos maiores autores que conheço, ele tem muita maturidade. Eu conheci o Clodovil e falei para o Bruno que o que mais me interessa no meio dessa história é que eu queria falar da solidão desse homem, que é uma pessoa extremamente famosa, extremamente polêmica, extremamente confusa, mas é muito solitária.  Porque as pessoas julgam e você acaba vivendo uma vida complicada. Chegou um texto que não julga, que não pré-julga, que não dá etiqueta para nada. Eu gosto do termo inventário. Um inventário da vida dele que não tem ordem cronológica. Está sendo muito rico.

O Clodovil realmente foi uma pessoa sozinha. Até em seus últimos dias em Brasília.

Ele nasceu sozinho porque foi rejeitado pela mãe biológica. depois passou para mãe adotiva que rejeitou ele no início. Ele sempre foi uma pessoa muito só, enfadado a solidão.

Ele era uma pessoa divertida  e tinha coisas divertidas. A Viviane  separou algumas frases dele no meio dessas histórias sérias contundentes, de solidão, de vida, de baile, contando sobre moda sobre o Brasil,  sobretudo com frases hilárias como: "Meu amor eu não me importo, o que as pessoas falam nas minhas costas que o meu bumbum já não tenha ouvido. É de uma bobagem e de uma inocência e isso a gente está fazendo, coisas hilárias e eu adoro, adoro esse clima de política. Porque um político fica metendo o pau no outro e o público fica de costas. Ele tirava sarro dele mesmo, então são coisas que dão para pegar a piada, dá para fazer humor.

(Foto: Claúdia Martini)

(Foto: Claúdia Martini)

Quando a gente pensa no seu nome, logo o humor vem a frente por conta do seu trabalho. O que o humor do Martini levará ao Simplesmente Clô?
Estou querendo me descobrir me reinventar em algumas coisas, eu realmente acho que posso chegar lá. É meio difícil fazer humor, ele era uma metralhadora, seguro, dono da verdade. Estou fazendo de uma maneira que eu nem estou defendendo nem elogiando. Apenas estou fazendo uma homenagem há uma pessoa que contribuiu tanto com a nossa história.

Gostando ou não, querendo ou não, ele era um cara inteligentíssimo e de muita cultura. Cantava, fazia vestidos, era comunicador que fazia TV de maneira absurda, foi um dos três deputados mais votado sem nunca ter entrado para política. O que eu mais acho incrível é que esse homem parou a Câmera dos Deputados por falar uma coisa que é verdade: aquilo parece mercado de peixe. As pessoas não se ouvem e entram em discussão, aquilo é puro ego. Tem coisas que ele fez e não é que eu concordo mas que ele foi muito autêntico e ao mesmo tempo polêmico. A TV e a própria arte marcam muito a pessoa.

É da nossa cultura em apenas reconhecer nossas artistas e personalidades em ocasiões póstumas?
Achei uma sacação sua muito inteligente, porque é uma espécie de catarse, o que as pessoas fazem com a morte de uma pessoa famosa: "Ah meu Deus, que perdemos fulano de tal". Fulano de tal estava deprimido sem trabalho, sem emprego e nunca ninguém levantou para fazer alguma coisa.  Mas ele morreu e vira ícone, bonzinho, vira tudo. E é uma coisa que não aconteceu com o Clô, por exemplo. É muito louco isso, eu sou a primeira pessoa a fazer, a única até hoje que fez uma homenagem para ele e é muito louco.

Citamos em uma matéria, das novelas que falam de moda e a primeira versão de Ti Ti Ti foi inspirada nos atritos de Clodovil e o Dener, também estilista. Terá na peça também?


Tem, ele fala: "Quando você me diz que Dener e eu éramos rivais é tudo bobagem, meu amor. Isso é uma coisa inventada por ele. Eu sinto muita falta dele, da gargalhada, guerreiro,  depois que ele morreu ficou tudo muito chato, depois que vocês esqueceram dele tudo perdeu o sentido". Ele faz uma confissão.

Sua carreira é brilhante, seja no teatro como na TV. Como é resgatar e reconhecer tantos feitos?
Eu acho que estou sempre começando. Para mim, parece a primeira peça que eu vou fazer. Eu fiz A Chrous Line em 1985 quando não se tinha microfone de lapela ainda, a gente cantava e dançava. Trabalhei 8 anos com Chico Anysio, 9 meses com a Dercy Gonçalves, 5 anos com a Hebe. Tem coisas muito significativas que eu vivi e esse sucesso, essa história toda é muito baseado em trabalho, trabalho, trabalho, trabalho. 

Muitas coisas boas, alguns erros e muitos acertos, uma carreira com muita dignidade. Respeitei muito meus amigos os profissionais que trabalham com amigo, respeitei muito o teatro. Tem mais 3 peças que o Bruno escreveu para mim, que falam de amor. E depois quero rodar o Brasil com Clodovil. Sou muito realizado.

Simplesmente Clô
21 de novembro a 20 de dezembro
Teatro União Cultural - São Paulo (SP)
Rua Mário Amaral 209, telefone : 11-38852242
21h (sábados); 19h (domingos)
Lotação: 130 lugares, obedecendo as medidas de distanciamento.
Preço do ingresso: R$ 35,00 (meia) a R$ 70,00 (inteira)
Classificação etária 12 anos

Link para venda: www.sympla.com.br


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