Marli Pó

Marli Pó

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

São Bernardo do Campo recebe Nicolas Brito para falar sobre AUTISMO

Acontecerá no dia 03 de agosto, no Clube MESC em São Bernardo do Campo, a palestra “ Autismo com Nicolas Brito Sales”, que será ministrada por Nicolas Brito, autista, e autor de vários livros,  e já premiado como fotógrafo.
O evento,  organizado pelos projetos Mamãe de um Anjo Azul, de Kelly Portugal, mãe de Henrique 9 anos,  e Projeto Estimular, de Daniela Melo, mãe de Miguel,  6 anos, ambos com TEA. Juntas em mais uma empreitada para unir mães que podem trocar experiências.

Sobre Nicolas e sua família
Nicolas Brito Sales, escritor, fotógrafo premiado e palestrante nasceu com o TEA – Transtorno do Espectro Autista, quando pequeno ficou por muitos anos sem poder se comunicar, não conseguia expressar seus sentimentos e tinha dificuldade de sociabilização, que são algumas das características de pessoas autistas.
Atualmente junto com os seus pais o jovem carismático e alegre, percorre o Brasil para poderem levar um pouco mais de conhecimento para as famílias que tem algum familiar ou amigo autista, além de trocarem informações sobre o Transtorno do Espectro Autista.
O projeto TUDO O QUE EU POSSO SER, título do último livro de Nicolas e Anita Brito tem como propagar o máximo de informações sobre o autismo, convívio com pessoa autista, aprendizagem, inclusão e a sociabilização, dando apoio a famílias, educadores, terapeutas e profissionais ligados ao tema da inclusão.
Em seu currículo conta com mais de 1000 palestras percorridas em todo o país desde 2011, emocionando e motivando centenas de pessoas a superarem os desafios do TEA, e a publicações de livros em parceria com a sua mãe, a escritora Anita Brito.
Ana Brito é doutoranda pela USP (Universidade de São Paulo) em neurociência e estudos sobre o TEA e Mestre em Dialogismo e Literatura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Alexander Sales é formado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e possui MBA em logística empresarial pela FGV. Trocou sua carreira nas corporações pelo ativismo e pelo trabalho de conscientização da sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista e desde 2015, se dedica a palestrar cursos pelo Brasil e exterior, juntamente com a sua esposa e escritora Anita Brito e o seu filho escritor e palestrante Nicolas Brito Sales

As palestras da família Brito sensibilizam e motivam as pessoas a superarem os seus desafios, conscientizando e levando o tema do TEA e a inclusão para: escolas, médias e grandes empresas, institutos, universidades, hospitais/clínicas, comunidades e ongs.



Palestra Nicolas Brito em São Bernardo: famílias tem a chance de conhecer mais sobre o mundo azul


No último dia 3 de agosto no clube MESC São Bernardo, tive a oportunidade de participar da palestra “ Tudo o que eu posso ser”, ministrada por Nicolas Brito, escritor e fotógrafo e autista, que teve o apoio de sua mãe Ana Brito, escritora e Doutorando na USP (Universidade de São Paulo) em neurociência e estudos sobre o TEA e seu pai Alexander Sales, ativista e pesquisador que desde 2015 se dedica a ministrar cursos pelo Brasil junto com a sua esposa e filho.
O evento foi organizado pelas mamães dos anjos azuis, a dentista Kelly Portugal, mãe de Henrique 09 anos e a Daniela Melo, que é mãe de Miguel, 06 anos.  Em mais uma oportunidade quiseram trocar experiências com famílias de autistas.
Preferi chegar cedo ao local, minha mãe foi comigo e como avó de um anjo azul, também estava sedente de mais informações sobre esse mundo novo que estamos entrando. Ao adentrar no salão pude apresentar-me aos pais do Nicolas que estavam organizando os livros publicados que seriam vendidos no final do evento e em seguida trocaram algumas palavras e sorrisos com os convidados.
Enquanto eles estavam se organizando, aproveitei o tempo que tinha para conversar com outras mamães e vovós de crianças autistas.
Antes de começar a palestra as mamães Kelly e Daniela explicaram os projetos Mamãe de um Anjo Azul e o Projeto Estimular e que o evento é uma experiência única para todos porque ali poderiam ter contato com outras mamães e papais de crianças TEA, além de ouvirem a experiência da família Brito.
Logo em seguida a Doutoranda e escritora Anita Brito relatou que descobriu aos nove meses que o Nicolas era diferente, pois já tinha uma bagagem por ter cuidado dos quatro irmãos mais novos. Explicou que o diagnóstico foi com cinco anos e meio. “ O Nicolas estava em tratamento nessa época e eu cuidava de suas estimulações, pois visava que o ajudasse em seus desenvolvimentos, porque ele não falava, não possuía nenhuma percepção social e nenhum tipo de interação e também se mutilava, mordendo o lado interno da boca até sangrar, era um autismo severo”, explicou a mãe.
A Anita deixou bem à vontade os convidados relatando a sua experiência e pode passar o seu conhecimento que teve com o Nicolas e dos estudos que começou desde que ele era pequeno até os dias atuais, sem perder a força e a fé em Deus e na sua família, para que todos pudessem sair vitoriosos. Ao final, carinhosamente tirou todas as nossas dúvidas.
Alexander comentou que cada um recebeu o diagnóstico de uma forma diferente de que o filho é autista e que provavelmente seria dependente dos pais “A Anita já estudava bastante sobre o assunto e ela não tinha dúvidas, mesmo não tendo o diagnóstico fechado. Para a mãe foi somente a confirmação que ela estava certa. Por isso, que escreveu o livro - O Meu filho ERA Autista -, o ERA está em letras garrafais para enfatizar essa questão, porque ela comentava com os médicos e eles diziam que não era. Algumas pessoas que não conhecem um pouco da história, ao lerem o título do livro irão pensar que o Nicolas foi curado e deixou de ser autista, mas não é isso. O livro é baseado na trajetória da mãe. No meu caso, mesmo que suspeitasse, ouvir do médico foi um pouco difícil, passei por aquele período em que as pessoas chamam de luto e fiquei um bom tempo amargando essa questão do diagnóstico. Depois cheguei a conclusão de que não tinha jeito e teria que fazer o melhor para o meu filho e estabeleci a meta para que o Nicolas fosse uma criança, adolescente e adulto feliz e passamos a entender e começamos a valorizar as conquistas dele e trabalhar os seus potenciais para ser um ser humano feliz”, relatou o pai.
Sobre as terapias, o ativista disse que no ano de 1999 não tinham acesso à elas, mas que conseguiam utilizar o método ABA que é Analise de Comportamento Aplicada através de cursos realizados em sites de Universidades e Institutos dos Estados Unidos. “Depois conseguimos através do estado e de alguns programas que participamos colocá-lo na fonoaudióloga na USP e ao completar 12 anos pediu para fazer arteterapia, nessa época estávamos com uma condição financeira melhor e pudemos pagar as terapias do Nicolas”, relata o Alexander.
Chegou a hora do Nicolas Brito palestrar, e nesse dia estava muito frio. Ao subir no palco, para descontrair, Nicolas tira a blusa pois fala que estava com muito calor e que iria esquentar a todos. 
Com um jeito de falar simples e pausado, o palestrante relatou como era a sua rotina desde criança até os dias de hoje e em alguns momentos tirava gargalhadas do público “ Quando eu era pequeno não gostava de entrar nas lojas de brinquedos, não achava graça, adivinhem em quais lojas eu pedia para os meus pais levarem-me?  - Nessa hora todos se olhavam e tentavam imaginar a loja. – Eram as lojas Casas Bahia e Magazine Luiza, para que eu pudesse ficar olhando o ventilador e a máquina de lavar girar”. Contou dando risadas.
Quando ele contou essa história identifiquei- me, pois o meu filho também adora ver objetos que rodam, além desses citados como carrinhos e diferente do palestrante o meu baixinho fica muito feliz quando entra nas lojas de brinquedos.
Sobre as palestras, o escritor explicou que começou a ver a mãe a realizar as palestras quando tinha onze anos e que ficou muito interessado em poder contar a sua experiência para outras famílias junto com os seus pais viajando o Brasil inteiro.
Além de palestrar e escrever livros, Nicolas tem outra paixão que é o mundo das fotografias e disse que sempre percebeu que tinha um olhar diferenciado para as fotos artísticas e que no começo a sua mãe sempre o incentivava, orientando o trabalho de fotografia. 
Nessa palestra tive a oportunidade de conhecer a família Brito e ouvir diretamente de um jovem autista que a sua vida é normal para um rapaz; que não falava e não se interagia com as outras pessoas e que hoje é palestrante, fotógrafo e escritor.
Antes de fechar o diagnóstico do meu filho tinha um pouco de medo de como seria o futuro dele, se ele seria dependente demais de nós, se teria dificuldade em sociabilizar, entre outros medos. Foi de estrema importância ouvir, obter mais conhecimentos sobre TEA e principalmente saber que não estou sozinha nessa jornada no mundo azul.
Por -
Cibele Gallinucci, mãe do anjo Azul Gabriel e jornalista.



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